"Não admitir que precisa"
Quantas vezes não escutamos coisas do tipo “está tudo bem, estou ótimo”, “só estou cansado, só preciso de umas férias”, “tive uma fase difícil, mas consegui superar”, “como está corrido, só não consegui relaxar, mas está tudo bem” e tantas outras do mesmo teor, quando na realidade a pessoa está tomando calmantes ou remédios para dormir, está sofrendo de crises de ansiedade, pânico ou mesmo com vários problemas de saúde decorrentes do seu emocional abalado?
Nestes casos, a pessoa tem consciência de que não está bem, que precisa se cuidar, mas ela consciente ou inconscientemente, não admite essa “fraqueza”.
Talvez uma criação onde foi ensinado que não podemos mostrar fraqueza ou que devemos ser fortes, possa contribuir para essa postura.
Homens, normalmente, são mais incentivados a serem “fortes”, “machos”, “independentes”, auto suficientes e os provedores do lar, uma cobrança que começa desde aquela famosa frase que muitos escutam desde que são bebês, que “homem não chora”, gerando comportamentos até preconceituosos e machistas, como classificar determinadas coisas e situações como sendo próprias de homem ou sendo de “mulherzinha”.
Então culturalmente, sempre existiu uma cobrança maior para que os homens não expusessem as suas fraquezas, ao contrário das mulheres, sempre incentivadas a serem mais “sensíveis”.
Isso talvez explique o baixo índice de homens que procuram ajuda, pois os homens de hoje são esses que tiveram uma infância marcada por esses conceitos.
Apesar de atualmente esse tipo de conceito estar ficando mais ameno, essa cobrança parece estar “contaminando” a cabeça das mulheres. Muitas hoje se cobram também a serem fortes, não aparentar as suas fraquezas, pois muitos lares hoje são sustentados, tanto financeiramente e emocionalmente por mulheres. Muitas mulheres separadas por exemplo, se veem obrigadas a dar conta da parte profissional e financeira, afazeres domésticos e a cuidar dos filhos, fazendo com que elas se sobrecarreguem mas, ao mesmo tempo, não se permitam admitir as suas fraquezas e dores para as pessoas próximas, pois também tem que ser “fortes”.
Claro que existem inúmeras razões mais lógicas que podem levar uma pessoa a não admitir que está com problemas e precisa de ajuda, mas tudo começa no nosso inconsciente, sendo que depois o nosso cérebro trata de arrumar justificativas mais racionais para explicar o porquê da sua negativa.
O não admitir que precisa de ajuda é um dos obstáculos mais difíceis de serem transpostos, pois num caso assim, nem a pessoa procura fazer nada para se ajudar, muito menos aceita qualquer tipo de ajuda de quem quer que seja. É como ela escolhesse viver o resto dos seus dias trancado dentro de uma cela com o seu pior inimigo.
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